Para pensar a literatura infantil é necessário pensar no seu leitor: a criança. Até o Século XVII as crianças convviam igualmente com os adultos, não havia um mundo infantil, diferente e separado, ou uma visão especial da infância. Não se escrevia, portanto, para as crianças.
"...a concepção de uma faixa etária diferenciada, com interesses próprios e necessitando de uma formação específica, só acontece em meio à Idade Moderna. Esta mudança se deveu a outro acontecimento da época: a emergência de uma nova noção de família, centrada não mais em amplas relações de parentesco, mas num núcleo unicelular, preocupado em manter sua privacidade (impedindo a intervenção dos parentes em seus negócios internos) e estimular o afeto entre seus membros" 1
A partir da Idade Moderna a criança é vista como um indivíduo que precisa de atenção especial e cuja é demarcada pela idade. O adulto passa a idealizar a infância. A criança é o indivíduo inocente e dependente do adulto devido à sua falta de experiência da realidade. Até hoje muitos ainda têm essa concepção da infância como o espaço da alegria, da inocência e da falta de domínio da realidade. Os livros qeu trazem essa concepção são escritos, então, com o objetivo de educar e de ajudar as crianças a enfrentar a realidade. A partir da Psicologia da Aprendizagem a infância é tratada como uma etapa de preparação do pensamento para a vida adulta. O pensamento infantil não tem ainda uma lógica racional. A literatura infantil é, nesta concepção, adequada às fases do raciocínio infantil (que é dividido em idade cronológica). Essas duas concepções de infância convivem até hoje e podemos vê-las até no modo como os livros são selecionados e catalogados pelas editoras. No entanto, uma outra concepção de infância tem sido defendida e com ela uma nova postura da literatura infantil. É preciso entender que a criança é também cheia de conflitos, medos, dúvidas e contradições não por desconhecer a realidade, mas por trazer em si a imagem projetada do adulto:
"Se a imagem da criança é contraditória, é precisamente porque o adulto e a sociedade nela projetam, ao mesmo tempo, suas aspirações e repulsas. A imagem da criança é, assim, o reflexo do que o adulto e a sociedade pensam de si mesmos. Mas este reflexo não é ilusão; tende, ao contrário, a tornar-se realidade. Com efeito, a representação da criança assim elaborada transforma-se, pouco a pouco, em realidade da criança. Esta dirige certas exigências ao adulto e à sociedade, em função de suas necessidades essenciais"2
Quanto ao seu desenvolvimento cognitivo, a ênfase não pode ser naquilo que a criança ainda não dá conta, mas sim naquilo que só ela é capaz de fazer.
"Se lhe falta a completa capacidade abstrativa que a capacite para as complexas redes analítico-conceituais, sobra-lhe espaço para a vasta mente instintiva, pré-lógica, inclusiva, integral e instantânea que só opera por semelhanças, correspondências entre formas, descobrindo vínculos de similitude entre elementos que a lógica racional condicionou a separar e a excluir. Correspondências, sinestesias. Todos os sentidos incluídos."3
Uma literatura que tenha essa concepção de infância vai, então, privilegiar "o lado espontâneo, intuitivo, analógico e concreto da natureza humana"4 e ver seu leitor como um ser de desejos e pensamentos próprios.
"...os projetos mais arrojados de literatura infantil investem, não escamoteando o literário, nem o facilitando, mas enfrentando sua qualidade artística e oferecendo os melhores produtos possíveis ao repertório infantil, que tem a competência necessária para traduzi-lo pelo desempenho de uma leitura múltipla e diversificada."5
Partindo dessa visão dá para entender a vertente que entende a literatura infantil como um estilo literário (dominante estilística), pois o objetivo não é falar para uma de terminada faixa etária, mas trabalhar o texto para preencher desejos que existem em todos os seres humanos.
"...a concepção de uma faixa etária diferenciada, com interesses próprios e necessitando de uma formação específica, só acontece em meio à Idade Moderna. Esta mudança se deveu a outro acontecimento da época: a emergência de uma nova noção de família, centrada não mais em amplas relações de parentesco, mas num núcleo unicelular, preocupado em manter sua privacidade (impedindo a intervenção dos parentes em seus negócios internos) e estimular o afeto entre seus membros" 1
A partir da Idade Moderna a criança é vista como um indivíduo que precisa de atenção especial e cuja é demarcada pela idade. O adulto passa a idealizar a infância. A criança é o indivíduo inocente e dependente do adulto devido à sua falta de experiência da realidade. Até hoje muitos ainda têm essa concepção da infância como o espaço da alegria, da inocência e da falta de domínio da realidade. Os livros qeu trazem essa concepção são escritos, então, com o objetivo de educar e de ajudar as crianças a enfrentar a realidade. A partir da Psicologia da Aprendizagem a infância é tratada como uma etapa de preparação do pensamento para a vida adulta. O pensamento infantil não tem ainda uma lógica racional. A literatura infantil é, nesta concepção, adequada às fases do raciocínio infantil (que é dividido em idade cronológica). Essas duas concepções de infância convivem até hoje e podemos vê-las até no modo como os livros são selecionados e catalogados pelas editoras. No entanto, uma outra concepção de infância tem sido defendida e com ela uma nova postura da literatura infantil. É preciso entender que a criança é também cheia de conflitos, medos, dúvidas e contradições não por desconhecer a realidade, mas por trazer em si a imagem projetada do adulto:
"Se a imagem da criança é contraditória, é precisamente porque o adulto e a sociedade nela projetam, ao mesmo tempo, suas aspirações e repulsas. A imagem da criança é, assim, o reflexo do que o adulto e a sociedade pensam de si mesmos. Mas este reflexo não é ilusão; tende, ao contrário, a tornar-se realidade. Com efeito, a representação da criança assim elaborada transforma-se, pouco a pouco, em realidade da criança. Esta dirige certas exigências ao adulto e à sociedade, em função de suas necessidades essenciais"2
Quanto ao seu desenvolvimento cognitivo, a ênfase não pode ser naquilo que a criança ainda não dá conta, mas sim naquilo que só ela é capaz de fazer.
"Se lhe falta a completa capacidade abstrativa que a capacite para as complexas redes analítico-conceituais, sobra-lhe espaço para a vasta mente instintiva, pré-lógica, inclusiva, integral e instantânea que só opera por semelhanças, correspondências entre formas, descobrindo vínculos de similitude entre elementos que a lógica racional condicionou a separar e a excluir. Correspondências, sinestesias. Todos os sentidos incluídos."3
Uma literatura que tenha essa concepção de infância vai, então, privilegiar "o lado espontâneo, intuitivo, analógico e concreto da natureza humana"4 e ver seu leitor como um ser de desejos e pensamentos próprios.
"...os projetos mais arrojados de literatura infantil investem, não escamoteando o literário, nem o facilitando, mas enfrentando sua qualidade artística e oferecendo os melhores produtos possíveis ao repertório infantil, que tem a competência necessária para traduzi-lo pelo desempenho de uma leitura múltipla e diversificada."5
Partindo dessa visão dá para entender a vertente que entende a literatura infantil como um estilo literário (dominante estilística), pois o objetivo não é falar para uma de terminada faixa etária, mas trabalhar o texto para preencher desejos que existem em todos os seres humanos.
Citações:
1 - ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global Ed., 4ª ed., 1985. (página 13)
2 - ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global Ed., 4ª ed., 1985. (página 18)
3 - PALO, Mª José e OLIVEIRA, Mª Rosa D. Literatura Infantil - Voz de criança. SP: Ática, 1986. (pág.7)
4 - PALO, Mª José e OLIVEIRA, Mª Rosa D. Literatura Infantil - Voz de criança. SP: Ática, 1986. (pág.8)
5 - PALO, Mª José e OLIVEIRA, Mª Rosa D. Literatura Infantil - Voz de criança. SP: Ática, 1986. (pág.11)
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